Sobre a expressão “Constelação Familiar”
Segundo Guillermo Echegaray em sua obra “Para comprender las constelaciones organizacionales” (2008), o termo Constelação Familiar apareceu pela primeira vez em uma obra de Tolman. De qualquer maneira, as Constelações Familiares ganharam forma, corpo e porque não dizer fama, a partir da obra do psicoterapeuta Alemão, Bert Hellinger.
Seja qual for a origem da expressão “Constelação Familiar”, podemos dizer que é bastante jovem, e que é empregada dessa maneira pela ausência de um termo que a expresse de melhor modo. Ao entrar no site oficial de Bert Hellinger (www2.hellinger.com), em língua alemã, encontramos as seguintes perguntas: “Was ist Familienstellen? Was ist eine Familienaufstellung?”. Na versão inglesa do site, temos: “What is Family Constellation? What shows itself in a Family Constellation?”. Muitos sabem que a língua alemã é complexa, e traz alguns termos e conceitos únicos, ao fazer junção de diversas palavras, criando uma nova. O curioso é que, ao colocarmos as mesmas perguntas para o Google traduzir, aparece o seguinte, em inglês “What is family sites? What is a family setting?”. Notem que essa tradução “literal” do termo faz uma referência mais próxima do que ocorre no trabalho em si: algo como “colocar cada um no seu devido lugar”.
Quem quiser interpretar de forma ainda mais profunda a origem desses termos pode recorrer ao dicionário. A primeira tradução de Familienaufstellung para a língua inglesa trouxe stellen como constellate. Segundo o Merriam-Webster, as definições de Constellate são: 1: to unite in a cluster; 2: to set or adorn with or as if with constellations. O próprio Merriam-Webster dá uma conotação equivalente para uma das definições de Constellation: a group of people or things that are similar in some way. Quando esse trabalho foi traduzido para o Português, o termo Constellation foi traduzido literalmente para Constelação; contudo, observando os diferentes significados de Constelação no dicionário Houaiss, não encontramos sentido semelhante ao inglês. Já há, porém, a seguinte referência: “c. familiar: [psic.] conjunto dos membros mais próximos de uma família (pais, avós, irmãos e irmãs) e das posições relativas ocupadas por cada um deles”, numa alusão à obra de Bert Hellinger.
O trabalho com Constelação Familiar não tem nada de religioso, místico, esotérico ou astrológico.
Após compreender que a origem do termo Constelação surgiu, provavelmente, pela ausência de um outro mais adequado, é mais fácil entender e assimilar que as Constelações não têm relação com religiões ou linhas espiritualistas. Também não há conexão com astrologia, exceto pelo nome ligado às estrelas. Contudo, para a língua portuguesa há ainda uma conexão subjetiva, mas de fato inexistente, com algo místico e esotérico por conta da forte associação com astros e estrelas.