Amor à segunda vista

Amor à segunda vista

13/01/2017

Para entender como complicamos nossas relações, devemos voltar um pouco no tempo e lembrar onde está a origem da nossa aprendizagem sobre amar. 
Como é que a gente aprende a amar e ser amado? Ou com quem? 
Aprendemos com nossos pais. Matriz de relacionamentos.
Mas o que fazemos com essas primeiras lições? Nós cumprimos as primeiras lições? Ou apenas quando somos pequenos? A postura da criança é de não exigir, não criticar. 
Mas aí vamos crescendo e nos tornamos exigentes, críticos. Queremos ser reconhecidos. Re-clamamos. "A história não devia ter sido como foi. "

"Não deveria ter me abandonado!" 

Cegos negamos os limites de quem deu a vida. 
Os pais são o canal da graça. Nos dão  o essencial. 
Há em nós sobreposições quando confundimos o diferente com o errado. Nossos pais agiram diferente do que gostaríamos. Isso não tem relação com o errado.
A postura critica nos leva inexoravelmente ao julgamento e aí estamos na rota de colisão com o fracasso. 

O mais difícil é que levamos essas queixas e desordens para a dinâmica do casal. 

A lógica linear nos permite olhar para um de cada vez, e ver menos a dinâmica que envolve o casal. Um homem e uma mulher não se escolhem por mero acaso e a dinâmica adoecedora de um fomenta a desordem do outro. Um a serviço de confirmar as 'certezas' do outro.
Cegos o casal abandona o projeto de vida a dois, os parceiros de vida e de trabalho, e até os filhos. Simples assim. 

Criticamos e experimentamos o retorno do recalcado em nós. Adoecemos o corpo, a alma. E buscamos como mendigos por adoção. 
A bebida e os antidepressivos ou o trabalho, o esporte e também os amante são substitutos, mas nem de longe os originariamente resolutivos. 

Se passamos boa parte da vida exigindo dos pais ainda que tacitamente, conseguimos abastecimento de amor necessário? 
Com toda exigência e crítica que dirigimos a eles não conseguimos senão uma desconexão com a fonte da vida. Portanto, não há alcance da força necessária para uma relação de casal minimamente feliz. 

Amor à primeira vista 

Como me alegrar com uma mulher que vivo há 20 anos, ou com uma segunda, se não me alegra a fonte da própria vida? 

Vemos no cônjuge alguém para suprir nossas queixas da infância. Esse amor à primeira vista vem cheio de expectativas, envolvendo aquelas exigências de amar que trazemos da primeira casa.

Mas a morte deve ser das idealizações. 
Mateus 19:24: “...é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. Como assim?
Com teorias, tratados, leis e ferramentas não vemos o essencial. O essencial é simples e rasteiro. O essencial nos escapa, e nos sentimos prisioneiros. 

Efeitos

A começar pelo si mesmo, as desordens adoecem as relações, mas são os filhos suas maiores vítimas. Imersos na cultura da imolação não damos fé do quanto nossos filhos esperam nossa alegria e contentamento. Não obstante se lançam como oferendas vivas no altar da imolação e adoecem por nós. Frequentemente são dois os comunicados inconscientes: "eu sigo você papai/mamãe" ou "eu no seu lugar, papai/mamãe". Ocupados com nossa dor e seguros de estar oferecendo o necessário, não percebemos o abandono que se repete. E seguimos perdidos.

O amor a segunda vista se refere ao treino que faço na rotina da casa de onde nasci. Um treino de concordância com tudo que é, tal como é. Só então é possível amar o parceiro sem exigências que superam o suportável. Só porque treinei aceitar os pais tal como são. Assim aceito o meu homem tal como é. E o homem aceita sua mulher tal como é. Simples e difícil assim.

Fontes: 
* A fonte não precisa perguntar pelo caminho - Ed. Atman - ISBN 978-85-98540-15-3
* Ordens do Amor - Ed. Cultrix - ISBN 85-316-0785-X

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